Série Temas Patrulhados (4)

Preocupante ressurgimento da mentalidade estatizante

"A improbidade, o desmazelo administrativo, a esclerose, o nepotismo em empresas públicas são conseqüência da própria essência do estatismo: não são parasitas de uma árvore sadia, eles constituem o cerne de uma árvore doente", afirma Adolpho Lindenberg em recente artigo.

* Adolpho Lindenberg é autor do livro "Os católicos e a economia de mercado", em que denuncia uma política com viés esquerdista que censura, marginaliza ou encobre com um manto de silêncio, notícias, opiniões e livros "politicamente incorretos", não afinados com as assim denominadas "causas sociais" inspiradas na teologia da libertação e nos Fóruns Sociais. Assim, os meios de comunicação, e a própria sociedade brasileira, estão sendo "patrulhados".

* Em seu recente artigo "Estatização ou Privatização?", da Série Temas Patrulhados, o autor adverte sobre um preocupante ressurgimento da mentalidade socialista, favorável à estatização da economia ou, pelo menos, desejosa de uma presença mais ativa do Estado.

* Fazendo parte dessa corrente encontram-se radicais da esquerda, adeptos da Teologia da Libertação, social-democratas, saudosistas das antigas benesses dos regimes paternalistas e até democratas inconformados com a privatização das estatais, acrescenta o autor, lamentando que não são poucos os católicos que anseiam por uma maior interferência do Estado visando a implantação de políticas mais voltadas para "o social".

* Exemplos típicos dessa mentalidade são a limitação à autonomia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sugerida pela ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff; e o lamentável desinteresse do Poder Público em reformar nossas rodovias mediante a ampliação da privatização dos serviços de manutenção das estradas. Aqueles que criticam a privatização se esquecem que os recursos necessários para a manutenção das estradas só podem provir de duas fontes: ou dos pedágios ou do erário público. Em outras palavras, ou pagam os usuários do serviço -o que é mais lógico- ou acabam pagando todos os contribuintes!

* Quando se acumulam denúncias de malversação de fundos e de incapacidade administrativa, geradores dos enormes déficits das estatais, predomina na opinião pública a noção que tais mazelas são frutos da improbidade de seus dirigentes e que seria suficiente nomear diretores honestos e capazes para que cessassem todos esses descalabros. Na verdade, os desmandos são conseqüência da própria essência do estatismo. A improbidade, o desmazelo administrativo, a esclerose, o nepotismo, não são parasitas de uma árvore sadia, eles constituem o cerne de uma árvore doente.

* Outros tópicos abordados no artigo:

- As empresas privadas são recompensadas ou penalizadas por seu desempenho, exceto em situações excepcionais, e os lucros ou os prejuízos são conseqüências forçosas da competência ou incompetência de sua gestão; quando, porém, uma empresa é propriedade do Estado, esta relação de causa e efeito, pura e simplesmente, deixa de existir.

- Nos casos das empresas controladas pelo Estado, não existe o objetivo de recompensar os executivos na proporção de seu desempenho gerencial.

- Nas estatais, a fiscalização diária, eficaz e construtiva, imprescindível para garantir que os funcionários realizem um bom trabalho, é praticamente inexistente; o critério das promoções baseia-se mais no tempo de serviço do que no mérito; órgãos de instância superior deveriam fiscalizar as estatais e tomar medidas tão drásticas quanto as que são tomadas pelos fiscais do governo relativamente às empresas privadas.

- As empresas públicas tornam-se facilmente vítimas do empreguismo.

- Num mundo dominado pela informática, com as economias sujeitas à globalização, só as empresas competitivas sobreviverão, e para isso devem estar em contínua atualização, acompanhando as variações do mercado, cortando custos e inovando produtos; ora, são precisamente estas as qualidades que faltam às empresas públicas.

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