Série Temas Patrulhados

Lindenberg: Emprego rural versus assentamentos

"Por que os agrorreformistas só falam em assentamentos e nunca na criação de empregos na área rural?"

* Patrulhamento

Adolpho Lindenberg é autor do livro "Os católicos e a economia de mercado", onde denuncia uma política com viés esquerdista que visa censurar, marginalizar ou encobrir com um manto de silêncio, notícias, opiniões e livros "politicamente incorretos", não afinados com as assim denominadas "causas sociais": os meios de comunicação, e a própria sociedade brasileira, estão sendo "patrulhados".

* Agrorreformistas

Em artigo "Emprego rural versus assentamentos", da Série Temas Patrulhados, Lindenberg pergunta:

- Por que os agrorreformistas só falam em assentamentos e nunca na criação de empregos na área rural?

- Por que não reivindicam financiamentos ou outros estímulos à agroindústria ou a empresas rurais que empregam grande número de trabalhadores?

- Por que não propõem modificações na legislação trabalhista para o campo de modo a permitir que os fazendeiros reconstruam as antigas colônias com casas razoáveis e terrenos destinados ao plantio de hortaliças, criação de porcos e galinhas etc.?

* Viés socialista

A resposta do autor é simples:

- Trata-se do velho viés marxista, a mentalidade socialista, denominador comum a todos os agrorreformistas! Na mentalidade marxista, o patrão é sempre visto como um explorador e o empregado como um semiescravo, humilhado e indefeso! Para pessoas de mentalidade esquerdista, o contraste entre o casario pobre de uma colônia e o casarão senhorial do fazendeiro, lembra feudalismo, desigualdade social gritante, injustiças de toda espécie. Xico Graziano, ex-presidente do Incra, confirma essa obsessão niveladora ao atribuir o desinteresse dos agrorreformistas pela qualidade e pelo custo da política de assentamentos "a uma razão de fundo ideológico, pois o pensamento agrarista tradicional sempre se interessou em penalizar o latifúndio, desapropriando-o".

* Sonho aliciante

Haverá um sonho mais aliciante e semelhante ao velho utopismo socialista, do que um país onde todos têm sua terra para plantar, financiamentos com juros subsidiados, onde não existem patrões ou fiscais de qualquer espécie?, pergunta Lindenberg em seu artigo. E responde: Diante desse sonho utópico, o único recurso que nos resta é o apelo constante ao bom senso e à experiência acumulada durante séculos. De um modo muito empírico, quase a título exemplificativo, poder-se-ia alinhar algumas considerações atinentes à problemática:

- A condição empregatícia de si não tem absolutamente nada de humilhante ou de exploratório. As mais altas autoridades do país - o presidente, os ministros, magistrados do Supremo - são empregados. São igualmente empregados os professores, os oficiais superiores, os altos executivos que governam os grandes conglomerados econômicos e as multinacionais.

- O importante para o trabalhador rural não é ser o dono da terra, como também para o morador de uma casa não é ser dono do imóvel. O importante é ganhar bem, poder progredir, sentir-se seguro no emprego, estar em condições de formar um pecúlio. Dono de um capital, o empregado pode decidir se compra a terra ou a casa, ou se investe num negócio ou se compra ações. Ele se tornou um minicapitalista.

- Aliás, diga-se de passagem, o Brasil só terá se tornado um país verdadeiramente capitalista na medida em que boa parte de sua população seja proprietária de minicapitais. A esse respeito convém lembrar o exemplo dado pelos imigrantes japoneses. Considerados os agricultores mais bem sucedidos que já aportaram em nossas terras, eles sempre preferiram arrendar a comprar as várzeas nas quais plantaram suas hortas e isso com um sucesso absoluto.

- Que haja uma significativa diminuição do desemprego e do êxodo rural constitui um anseio nacional. Que os homens do campo, pequenos proprietários, assentados, bóias-frias consigam elevar seus padrões de vida a níveis aceitáveis constitui, igualmente uma meta a ser atingida. Esses objetivos não são, por conseguinte um monopólio dos agrorreformistas e, muito menos, um apanágio das esquerdas. No modo de solucionar essas carências é que se situam as diferenças.

* Outros temas

Outros temas abordados no artigo: Monteiro Lobato, a saúva e o sítio; condições para o éxito das pequenas propriedades; causas do enfraquecimento dos "liames feudais" entre fazendeiros e empregados; os descontentes e o "canto de sereia" dos agrorreformistas; o crescimento espetacular dos Tigres Asiáticos; os dois paradigmas básicos para o Brasil rural; e como evitar, no Brasil, o triunfo da utopia e da revolução social.

 031212CN

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