Abril 28, 2002: Editorial CubDest

Iberoamérica: o "mito" castrista tropeça

Fatos recentes indicam que o regime de Cuba comunista já não parece contar mais com a impunidade propagandística que até hoje o protegia

Nas últimas semanas, o regime de Cuba comunista, que durante décadas se viu favorecido por uma auréola negra de intocabilidade e quase impunibilidade propagandística, sofreu sérios reveses diplomáticos. Esse "mito" de caráter publicitário, que constituía um dos suportes internos e externos do regime comunista, hoje tropeça e cambaleia.

Os fatos recentes mais sintomáticos, nesse sentido, são a ruptura de relações do Uruguai com Cuba; as declarações pouco conhecidas, porém medulares e de suma importância do presidente do Congresso peruano, doutor Carlos Ferrero; e o "tiro pela culatra" de Castro, na sua tentativa de chantagear o México.

O presidente do Uruguai, doutor Jorge Batlle, ante a escalada de ataques e agravos por parte do ditador Castro e de altos funcionários do regime, decidiu pela ruptura de relações até que "se franqueie ao povo cubano o que hoje qualquer povo democrático tem e que notariamente ali não existe: liberdade".

Em entrevista coletiva à imprensa, o mandatário uruguaio, embora mostrando-se contrário ao embargo americano, deixou claro, com fina ironia, que Castro toma essas medidas como um pretexto para justificar seu fracasso: "Nos parece paradoxal que Cuba, que entende que os Estados Unidos é seu grande inimigo, reclame permanentemente o direito de comercializar com esse grande inimigo, como se no comércio com seu grande inimigo estivesse a solução dos seus problemas. (...) Portanto, insisto, me parece paradoxal que se veja tanto a salvação de Cuba, quanto a causa da má situação dela, na impossibilidade de comercializar com aquele que Cuba estabelece que é seu adversário", concluiu.

Por seu lado, o presidente do Congresso do Peru, doutor Carlos Ferrero, em discurso ante o plenário desse país, pôs o dedo na ferida: "Há uma espécie de mito sobre Cuba. Se critica a falta de democracia em Angola ou na Ásia, porém, cada vez que se fala de Cuba, nos pomos, os latino-americanos, de lado e dizemos: porque há que se levar em conta o bloqueio americano, coitadinho de Castro, algum dia se portará bem". "Essa atitude de olhar de lado já leva 50 anos, já é tempo demasiado, é hora de que falemos com clareza: Cuba não é um regime democrático", acrescentou, concluindo de maneira irônica: "Todos os cubanos têm trabalho, porém, cada vez que podem, saem correndo da ilha".

No México, segundo fontes confiáveis, a maioria da opinião pública repudiou o fato de que o ditador Fidel Castro haja gravado sem autorização, e dado a conhecer, uma conversa privada com o presidente desse país. Tudo indica que foi um "tiro pela culatra" diplomático de Castro.

Outros exemplos recentes de que o "mito" castrista tropeça, poderiam ser acrescentados. Basta recordar que no seio da Comissão de Direitos Humanos da ONU, reunida em Genebra, de pouco adiantaram as ameaças e chantagens castristas. A moção uruguaia pedindo à ONU o envio de um relator à Cuba para investigar as violações dos direitos humanos - ainda com as limitações que já tivemos a oportunidade de assinalar -, conseguiu fazer sair do enigmático abstencionismo vários importantes governos latino-americanos. E isolou merecidamente não só Cuba comunista, mas a influente chancelaria brasileira, Itamaraty, que arcou com elevados custos políticos ao permancer em sua posição abstencionista, própria de Pilatos.

Especialmente no México, Chile, Peru, Argentina e Uruguai, houve saudáveis debates em torno da votação de Genebra, o que chamou a atenção da opinião pública para o drama cubano. As respectivas esquerdas locais jogaram todas as suas cartas, para persuadir as autoridades de que não votassem contra Cuba comunista. Porém, não conseguiram.

A campanha internacional promovida pelo CubDest e outras agências através da Internet, difundindo um artigo do ex-preso político cubano Armando Valladares, em que ele denunciava a atitude das "chancelarias Pilatos" e convidava a reclamar ante estas, teve a adesão de milhares e milhares de ibero-americanos, notadamente em países estratégicos como México, Brasil, Chile, Peru, Argentina, Espanha, Venezuela e Uruguai.

Enfim, tudo isso contribuiu para que o "mito" da impunibilidade de Castro tenha sofrido um tropeço que, esperamos, seja irreversível.

Temos constatado fatos francamente alentadores, que estão a nosso alcance incentivar e consolidar. Em boa medida, obter a liberdade de Cuba e, com isso, contribuir com o afastamento do perigo comunista em países como Venezuela e Colômbia, depende do entusiasmo, dedicação e empenho de todos e cada um, dos defensores da causa da liberdade.

Tradução: Graça Salgueiro